Depois de duas apresentações perante estações de Metrobus completamente cheias de público, Com que Linhas te Cruzas Parte 1: À Espera continua a sua temporada, com mais um espetáculo na estação de Metrobus de São José (dia 26, às 18h) e outro na estação de Moinhos (dia 29, às 17h). A entrada é livre em ambas as datas. A companhia deixa desde já nota de que, caso a previsão de chuva para esta quinta-feira em Coimbra se mantenha, o espetáculo será adiado para o dia 2 de outubro, no mesmo local e igualmente às 18h.
Com que Linhas te Cruzas? Parte 1: À Espera é a primeira de duas criações que acontecem no âmbito do projeto de intervenção artística e cívica Com que Linhas te Cruzas?, que durante 2024 e 2025 vai juntar em coprodução o Teatrão, a Metro Mondego e os municípios de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo, com a colaboração da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Os espetáculos trabalham sobre a implementação do novo sistema de mobilidade urbana da região de Coimbra, assumindo o passado turbulento deste projeto, mas apontando para a necessidade de superação do mesmo, em direção ao futuro mais sustentável e de progresso que este serviço público pode ajudar a desbloquear. No próximo ano, será apresentado o segundo episódio que surge no âmbito deste projeto e que passa das estações para dentro das composições do novo SMU.
Nos dias 27 e 28 de setembro, às 19h e 21h30 respetivamente, a OMT vai receber a Companhia de Teatro de Almada (CTA), que vem apresentar a sua principal criação deste ano: O Futuro Já Era. O espetáculo conta-nos a história de um grupo de quatro jovens que vive em Rochdale, uma cidade no noroeste desindustrializado de Inglaterra, onde a decadência social se manifesta na pobreza, violência, abuso e desespero. O grupo partilha um ódio pela realidade em que vive, uma paixão pelo grime (um primo do hip hop que sucede ao punk como expressão dos marginalizados) e uma determinação em vingar-se dos responsáveis pela sua miséria. O Futuro Já Era aborda algumas problemáticas mais debatidas atualmente em todo o mundo como as alterações climáticas, a inteligência artificial, a ascensão do populismo de extrema-direita ou a expansão da vigilância constante.
Dada a centralidade da música neste espetáculo, a CTA desafiou Chullage para trabalhar na composição das letras e música interpretadas ao vivo em O Futuro Já Era. O rapper atua em palco com o elenco dando vida a este manifesto pela força da palavra contra a desumanização crescente. Além da sua atividade como músico, Nuno Santos (nome civil de Chullage) é licenciado em Sociologia, ativista e criador de uma associação de apoio social na Arrentela. O seu quarto álbum, Prétu 1 – Xei de Kor, lançado em setembro de 2023, foi considerado o segundo melhor álbum do ano pelo jornal Público, e um dos 50 melhores discos do ano pelo Expresso/Blitz.
O Futuro Já Era parte do romance GRM – Brainfuck de Sybille Berg, que em 2019 lhe valeu o Prémio do Melhor Livro Suíço e, em 2020, encabeça a sua carreira na altura em que recebe o Grand Prix Literature (o mais alto prémio literário atribuído na Suíça) pelo conjunto da sua obra. É pela mão de Peter Kleinert que a obra ganha vida em palco. Após a reunificação da Alemanha, o encenador alemão torna-se professor na Academia de Teatro Ernst Busch e passa a dirigir regularmente espetáculos na Schaubühne de Berlim – uma das mais prestigiadas companhias de teatro europeias. Desde então, trabalhou como encenador em Sidney, Pittsburgh, Glasgow, Lyon ou Salzburgo. Depois de em 1982 ter trabalhado com a CTA, em 2018, regressa a Almada para dirigir A boa alma de Sé-Chuão, de Bertolt Brecht, e, em 2022, a Noite de Reis, de William Shakespeare.