Estudo da Universidade de Coimbra conclui que ribeiras urbanas estão poluídas por fármacos

Recolha de amostras nas ribeiras urbanas

Um estudo liderado pela Universidade de Coimbra (UC) concluiu que as ribeiras urbanas estão altamente poluídas por uma grande variedade de fármacos, afetando negativamente os organismos aquáticos e os processos ecológicos. A pesquisa, realizada em colaboração entre a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e a Faculdade de Farmácia (FFUC), revela que estas ribeiras são ecossistemas de água doce críticos para a contaminação por substâncias farmacológicas. Devido ao seu pequeno volume de água e à limitada capacidade de diluição, as ribeiras urbanas tornam-se focos de poluição que, posteriormente, afetam os rios maiores.

A investigação, publicada na revista Water Research, analisou a presença de fármacos em 49 ribeiras urbanas de 13 países, abrangendo quatro continentes. Foram identificados 139 fármacos de dez grupos terapêuticos, com predominância de anti-inflamatórios e anticonvulsivos. Entre os compostos detetados estavam medicamentos como diclofenaco, ibuprofeno, paracetamol, claritromicina e fluoxetina, que podem causar efeitos devastadores nos ecossistemas aquáticos, como bioacumulação, desregulação endócrina e diminuição da biodiversidade. Em Portugal, foram analisadas três ribeiras urbanas, onde foram detectados oito fármacos, com destaque para o risco de contaminação causado pela fluoxetina, que afeta os invertebrados aquáticos.

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Os resultados do estudo apontam para a necessidade urgente de investigar novas estratégias para reduzir a entrada desses poluentes nos ecossistemas ribeirinhos e para desenvolver métodos eficazes de remoção de fármacos da água. Segundo os investigadores, este trabalho evidencia a importância de uma abordagem integrada, “One Health”, que considere a saúde dos ecossistemas aquáticos e a saúde humana, já que os fármacos presentes nas ribeiras podem afetar tanto os organismos aquáticos como as populações humanas que dependem da água. O estudo visa também estimular mais pesquisas, particularmente em Portugal e na Europa, para mitigar os impactos dessa poluição nas águas continentais.

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